Como imagens e imaginação dos alunos pode melhorar aprendizagem

Como imagens e a imaginação dos alunos pode melhorar aprendizagem

Como imagens e a imaginação dos alunos pode melhorar aprendizagem

“Uma imagem vale mais que mil palavras”. Eu acredito que a maioria das pessoas já ouviu essa expressão antes. Mas o que ela significa no contexto de ensino e a aprendizagem? Como imagens e imaginação dos alunos pode melhorar sua aprendizagem? Como podemos usar imagens em sala de aula presencial ou virtual?

Uma possibilidade vem da teoria desenvolvida por Allan Pavio (1) – a Codificação Dual. Essa teoria sugere que é mais fácil entender algo quando combinamos elementos verbais e não verbais. Por exemplo, imagine que você está falando sobre partes do cérebro para uma turma de alunos de 14 anos. Você pode escrever um parágrafo detalhado sobre onde o cerebelo está localizado … mas não é mais fácil – e mais eficaz – trocar parte da descrição verbal por um diagrama do cérebro e uma seta apontando para o cerebelo?

Nossa memória de trabalho (o tipo com capacidade limitada e que armazena informações apenas enquanto elas são usadas para completar uma tarefa) é formada por componentes verbais e visuoespaciais. Quando conseguimos combinar os dois, o entendimento é facilitado. Ou seja, as imagens potencializam o aprendizado ao complementar o texto.

Portanto, sabemos que o uso de imagens pode melhorar significativamente o aprendizado, mas e as imagens mentais? Será que os alunos se beneficiam imaginando uma representação visual do conteúdo a ser aprendido tanto quanto se beneficiam vendo uma imagem na tela?

Veja o que foi descoberto conforme uma pesquisa realizada na praia (2). Os pesquisadores pediram aos participantes que memorizassem uma lista de palavras em duas condições: uma em terra firme e outra durante um mergulho no mar. No dia seguinte, os pesquisadores pediram para os participantes se lembrar daquelas palavras, novamente em terra firme e mergulhando. Os resultados foram claros: as palavras aprendidas embaixo d’água foram mais bem lembradas embaixo d’água e as palavras memorizadas em terra firme foram lembradas com mais precisão em terra firme. Além disso, essas descobertas foram replicadas em diferentes ambientes e sugerem que quanto mais parecidos forem os ambientes de estudo e de teste, melhor a memória para o conteúdo.

Recentemente (3), outros pesquisadores investigaram se esse mesmo efeito aconteceria quando os participantes apenas imaginassem estar em ambientes diferentes. Neste experimento, os participantes aprenderam pares de palavras (por exemplo, cenoura-menina) que foram sobrepostas a uma imagem de um local (por exemplo, cinema). Mais tarde, durante o teste, os participantes viram uma das palavras do par e tiveram que lembrar a outra.

Na hora do teste, duas variáveis foram manipuladas. A primeira era se a imagem apresentada no teste correspondia à imagem usada durante os estudos. Com isso, a ideia era replicar os resultados encontrados anteriormente na praia. A outra variável foi a presença das imagens. Ou seja, metade das palavras foi apresentada com imagens na tela (assim como durante os estudos), mas a outra metade foi apresentada sozinha e os participantes deveriam imaginar aquele local com o máximo de detalhes possível.

Como resultado desse experimento podemos concluir que, quando as imagens usadas durante o estudo e durante o teste eram as mesmas, o desempenho no teste aumentou significativamente. Isso foi uma comprovação do que já sabíamos desde o experimento da praia. Mas o interessante foi que não houve diferença entre as imagens reais e as imagens imaginárias! Ou seja, no contexto de aprendizagem e memória, os benefícios de imaginar um local foram tão grandes quanto ​os benefícios de visualizar ou visitar aquele local novamente.

Isso é uma boa notícia para as escolas. É provável que os diagramas, imagens e fotos usados ​​em aula para ensinar um determinado conteúdo ajudem os alunos a se lembrar desse conteúdo durante os exames, mesmo que eles não tenham mais acesso às imagens durante o teste.

Outra pesquisa recente (4) apresentou 20 frases a 204 estudantes universitários. Os pesquisadores pediram que metade dos participantes criassem imagens mentais a fim de representar aquelas frases. Logo depois, todos os estudantes responderam perguntas sobre as frases. Os resultados mostraram que o grupo que criou imagens mentais respondeu às questões duas vezes mais acuradamente do que o outro grupo.

Essas descobertas sugerem que as imagens mentais são inegavelmente uma estratégia de aprendizagem eficaz e que estimular os alunos a imaginar o conteúdo durante os estudos pode aumentar sua compreensão do conteúdo e seu desempenho em testes no futuro.

O uso de imagens e imaginação facilita da mesma forma a compreensão de textos. De acordo com uma revisão da literatura (5), foi concluido que alunos de diferentes faixas etárias se saem melhor na imterpretação de textos quando eles criam imagens durante a leitura. Isso acontece tanto quanto eles desenham a imagem, quanto quando eles apenas a imaginam. 

De acordo com a revisão da literatura mencionada acima os efeitos positivos da imaginação só acontecem quando as crianças são ensinadas a criar tais imagens mentais. Por exemplo, um treinamento que se mostra eficaz consiste em instruir as crianças a visualizar mentalmente primeiro uma palavra única, depois uma frase, depois um parágrafo e depois um texto inteiro.

Em resumo, o uso de codificação dual possui extensa validação na literatura científica, mostrando que a combinação de palavras com elementos visuais melhora a aprendizagem. Mais recentemente, pesquisas vêm mostrando que quando os alunos criam imagens mentais do conteúdo, isso também favorece sua aprendizagem.

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A fim de saber mais, assista o vídeo abaixo

Referências:

(1) Clark, J. M., & Paivio, A. (1991). Dual coding theory and education. Educational Psychology Review, 3, 149-210.

(2) Godden, D. R., & Baddeley, A. D. (1975). Context‐dependent memory in two natural environments: On land and underwater. British Journal of Psychology, 66, 325-331.

(3) Bramao, I., Karlsson, A., & Johansson, M. (2017). Mental reinstatement of encoding context improves episodic remembering. Cerebral Cortex, 94, 15-26.

(4) Cuevas, J., & Dawson, B. L. (2017). A test of two alternative cognitive processing models: Learning styles and dual coding. Theory and Research in Education, 1-21.

(5) De Koning, B. B., & van der Schoot, M. (2013). Becoming part of the story! Refuelling the interest in visualization strategies for reading comprehension. Educational Psychology Review, 25, 261-287.

(6) Van Meter, P., Aleksic, M., Schwartz, A., & Garner, J. (2006). Learner-generated drawing as a strategy for learning from content area text. Contemporary Educational Psychology, 31, 142-166.

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